quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Balada
















Amei-te muito, e eu creio que me quiseste
Também por um instante nesse dia
Em que tão docemente me disseste
Que amavas 'ma mulher que o não sabia.


Amei-te muito, muito! Tão risonho
Aquele dia foi, aquela tarde!...
E morreu como morre todo o sonho
Deixando atrás de si só a saudade! ...


E na taça do amor, a ambrosia
Da quimera bebi aquele dia
A tragos bons, profundos, a cantar...


O meu sonho morreu... Que desgraçada!
....................................
E como o rei de Thule da balada
Deitei também a minha taça ao mar ...

 
Florbela Espanca

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