Cholly e Pauline Breedlove têm dois filhos: Sammy e Pecola. Seria uma típica família americana não fossem os Breedlove muito pobres e negros. A situação de marginalidade é ainda mais grave para a menina Pecola, que encontra rejeição em todos os ambientes que frequenta. Na escola, é ridicularizada até pelas outras crianças negras, pois é quem tem a pele mais escura. Em casa, o pai a oprime e a mãe prefere dedicar seu amor à família branca para a qual trabalha. Certo dia, num acesso de desespero, Cholly bebe além da conta, bate em Pauline na frente da pequena Pecola e coloca fogo na casa da família. O serviço social da cidade de Lorain, no estado de Ohio, onde moram os Breedlove, instala temporariamente a menina na casa da família MacTeer. A adolescente Claudia MacTeer, da mesma idade de Pecola, é a narradora de "O olho mais azul" e uma espécie de alter-ego da autora. É Claudia quem organiza as histórias de vida dos personagens, fazendo com que o ponto de convergência seja a trajetória de Pecola. Nos Estados Unidos da década de 40, época em que se passa a história, o padrão de beleza é exatamente o oposto daquele que a menina ostenta. Garotas negras e pobres, como ela, costumavam ganhar de presente bonecas brancas de olhos azuis e tomar leite em canecas estampadas com o rosto da atriz-mirim Shirley Temple. Todas as noites, a pequena Pecola reza para ter olhos azuis - num delirante e inconsciente desejo de redenção e ascensão social. Toni Morrison escreveu "O olho mais azul" entre 1962 e 1965. A história guarda uma íntima correspondência com a biografia da autora. Como ela mesma afirma, "o livro é uma tentativa de dramatizar a opressão que o preconceito racial pode causar na mais frágil das criaturas: uma criança negra do sexo feminino." Toni Morrison foi a primeira mulher negra a ganhar o Nobel de Literatura, em 1993.
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